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O Tribalismo

As origens

Há milhões de anos atrás, para se proteger dos perigos naturais – terremotos, vulcões, glaciações, ataques de grandes animais, de outras hordas de humanos e também para facilitar a obtenção de alimentos, os humanos sentiram a necessidade de se juntar em grupos. Segundo as pesquisas, isso teria acontecido entre 1 e 2 milhões de anos atrás. Com a convivência direta entre pessoas e famílias durante milênios, esses grupos desenvolveram sistemas e organizações sociais complexas, cujos objetivos finais são a manutenção da unidade do próprio grupo, sua autonomia política e a autossuficiência alimentar ou “econômica”. Esses grupos autônomos foram genericamente denominados de “tribos”.

Sistemas Centralizadores

Outras formas organizativas humanas começaram a surgir a cerca de 3.000 a.C na Suméria e mesopotâmia, como feudos, reinados, impérios e estados, coincidindo em época e locais, com o aparecimento das primeiras “moedas furadas” e, em extensão, do sistema capitalista Após o aparecimento dessas instituições, todas de caráteres centralizadores e dominadores, inumeráveis foram, e continuam sendo, as tentativas, em todo o mundo, de dominar, dissolver ou exterminar os povos tribais, em nome de uma “unidade” cultural e econômica de toda a população de seus países. Apesar, no entanto, de todas as violências, atrocidades, escravizações, extermínios, preconceitos e pressões, milhares de povos tribais conseguiram resistir, readaptando continuamente suas culturas, para conviverem com sistemas hegemônicos e poderosos, de valores totalmente antagônicos aos seus. Todos os nossos antepassados foram tribais, em alguma época da história da humanidade. Por algumas razões, que os pesquisadores tentam, de várias formas explicar, uma parte da humanidade se destribalizou e se expandiu. Nesse processo, inventou a moeda para facilitar o escambo e desenvolveu tecnologias complexas, que excedem o objetivo da subsistência.

O Momento Histórico

Estamos vivendo um momento histórico, em que as pessoas se deram conta que o sistema que os próprios humanos desenvolveram e decidiram viver sob suas regras, ou seja, o capitalismo, cresceu tanto e tão incontrolavelmente, que se tornou destruidor e autofágico, ou seja, está destruindo o planeta e se autodestruindo, levando toda a humanidade nesse processo. Além disso, alarga, indefinidamente, o fosso que separa ricos e pobres; dos que tudo tem, dos que nada possuem. Tudo isso acontece sem que se consiga imaginar uma forma de atenuar ou mesmo barrar esse processo inexorável…

A reação da humanidade

Mas…, a humanidade tem reagido. O “movimento hippye”, que ocorreu entre as décadas de 1960/70 foi, sem dúvida, um movimento em busca da retribalização. Propunha premissas que dialogam com o tribalismo, como a convivência em grupos e a interação com a natureza. O “hipysmo” iniciou seu declínio em 1969, após o festival de Woodstok. Deixou, no entanto, suas sementes, na figura de pessoas e pequenos grupos que, desde a década de 1970, tentam deixar para trás o mundo urbano e o consumo desenfreado. Essas pessoas saíram, exatamente, em busca da natureza e do convívio estreito e harmonioso com outras pessoas, como pregava o movimento hypye. Em sua maioria, desenvolveram uma filosofia de vida baseada no “amor”, na fraternidade, na busca pela sustentabilidade econômica e ambiental, além de uma nova espiritualidade, baseada na interação com a natureza. Esses grupos continuam migrando, em levas sucessivas, dos centros urbanos para o interior. Obviamente, nem todos permanecem nessa “nova” vida, retornando ao mundo urbano após algum tempo de tentativas. Muitos, no entanto, permanecem e tem lutado para estabelecer, de alguma forma, os princípios solidários e sustentáveis de uma vida comunitária. Em vários locais, do mundo, onde, por alguma razão, se concentraram essas “comunidades alternativas”, pode-se observar claramente, entre elas, o desenvolvimento de elementos tribais.

Possibilidades

Creio, pois, na possibilidade da formação de pequenos grupos solidários, que adotem ou não o tribalismo, que enxerguem o poder de estado como algo inevitável no momento, que não deve ser contestado, mas também não deve ser seguido cegamente. É possível conviver com os dois sistemas, como é exposto no corpo do livro  “O Tribalismo”

Penso também que, além de encontrar um sistema que não o oprima, é necessário que cada pessoa realize sua busca individual, que a reconecte com a sua fonte criadora – a natureza, o cosmo, o insondável. Somente assim será possível a união de pessoas realmente conscientes de suas potencialidades e dos limites de exploração de seu meio-ambiente. trechos do livro “O Tribalismo”